O inexplicável Reinaldo 

 

O maior jogador da historia de Minas Gerais e do Clube Atlético Mineiro, foi apelidado de Rei do Mineirão, dono da maior média de gols por jogo da historia do campeonato Brasileiro, o maior artilheiro da historia do Atlético Mineiro (288), eu estou falando dele o gênio, mito, ídolo, espetacular, um verdadeiro rei chamado Reinaldo.

Com somente uma perna encantou o Brasil e eternizou o grito nas arquibancadas “Rei, Rei, Rei, Reinaldo é nosso Rei”.

Aos 14 anos, Reinaldo jogava no Pontenovense. Em 7 de setembro de 1971, o juvenil do Atlético, comandado por Barbatana, esteve em Ponte Nova para um amistoso. Reinaldo não jogou porque estava participando do desfile de Independência como ciclista. Mas Barbatana estava na cidade também com o interesse de levar um novo jogador para o Atlético. Foi quando soube de Reinaldo: um menino que era um fenômeno e o irmão queria que ele fosse jogar no Botafogo, mas era muito novo. Barbatana assistiu a um jogo de Reinaldo e assim que o viu em campo percebeu que não podia esperar o garoto crescer para trazê-lo para o Atlético e foi logo conversar com os pais do menino para autorizarem a vinda dele para BH. "Desde pequeno eu infernizava a vida dos zagueiros e goleiros. Tinha o apelido de Kaburé e, quando me viram jogar, logo convenceram meus pais de que eu deveria vir para o Atlético." Naquele mesmo dia, Reinaldo estava a caminho da sede alvinegra espremido no fusquinha de Barbatana.

Nessa época, eram comuns treinos do Juvenil contra o profissional, que era o time Campeão Brasileiro de 71 e tinha como técnico Telê Santana. Reinaldo esperou no banco e entrou em campo no 2º tempo. Ele era tranquilo para jogar e se preocupava apenas com a bola, que parecia responder ao seus comandos. Ele driblou jogadores como Dadá, Humberto Ramos, Oldair e Vantuir.

“(...) Reinaldo entrou e aplicou dribles desconcertantes numa das melhores – e mais leais – zagas da história do alvinegro: Grapete e Vantuir. Deu passes perfeitos, se movimentou e fez gol. Da beirada do campo, Telê e Barbatana assistiam perplexos àquilo tudo” (GALUPPO, 2003: 132)

Enquanto não tinha idade para jogar no profissional, Reinaldo ia para onde precisavam dele fosse no juvenil, infanto e dente-de-leite. Ganhava prêmios como melhor jogador em quase todas as partidas e recebeu o apelido baby-craque de Roberto Drummond. Os pais de Reinaldo se preocupavam com a vida escolar dele, mas mesmo com muitas faltas ele conseguiu terminar o colégio e passar no vestibular para Comunicação Social.

Finalmente, Reinaldo começou a jogar no time profissional do Atlético em 1973. Tinha apenas 16 anos e foi eleito revelação de 1973 pela crônica esportiva mineira. Mas em 1974, Reinaldo começou a ter problemas no joelho. De acordo com ele, tudo foi consequência de um buraco no campo que pisou e teve torção no joelho esquerdo. Passou por uma cirurgia logo em seguida e teve o menisco interno extraído. Com Paulo Isidoro formou uma grande dupla no ataque alvinegro.

Reinaldo já era considerado o rei da torcida atleticana. E rei que é rei não perde a majestade jamais. Estava no auge da carreira de jogador quando passou pela primeira cirurgia de um total de nove.

Como era muito talentoso também sofreu com as agressões dos zagueiros adversários que sempre batiam no seu joelho. Aos poucos Reinaldo tentava resistir à dor para brilhar em campo ao som da torcida alvinegra: “Rei, Rei, Rei! Reinaldo é nosso rei!” E não decepcionava! Suas jogadas sempre impressionavam e deixavam os zagueiros sem reação diante dele, porque era impossível prever o que aquele garoto faria. Como o próprio Telê Santana falou em entrevista:

“E ele ia ficando cada vez mais habilidoso, ao longo dos anos. Com sua habilidade não sei se existiu algum... O único jeito de pará-lo, infelizmente era com a violência! E como ele foi caçado.” (VIANNA, 1998: 42)

Segundo o cronista Roberto Drumond, "Ele não é um Tostão mas pensa como ele; não é um Ademir da Guia, mas tem sua elegância; não é um Gérson, mas mostra a mesma categoria; não é um Dario, mas seus gols fazem a massa vibrar com a mesma intensidade. Reinaldo é Reinaldo."

Em 1977, foi considerado o maior jogador de Minas Gerais. Reinaldo era a alegria dos atleticanos, o rei da massa. O menino simples, que se inspirou em Pelé e Garrincha, saiu do interior de Minas e chegou à Seleção em 1978. Na época, Reinaldo fazia exercícios com um aparelho importado, mas durante a Copa diminuiu os exercícios e usava sempre uma faixa no joelho, a qual escondia até do colega de quarto. Jogou apenas três jogos pela Seleção e depois da Copa foi fazer nova cirurgia nos Estados Unidos. Ficou um ano sem jogar e para comemorar o retorno do rei, o Atlético marcou um amistoso com o Santos no Mineirão. Antes da partida todas as luzes foram apagadas e a torcida acendeu isqueiros para iluminar a volta do Rei.

O entendimento de Reinaldo, Cerezo e cia. vinha desde os tempos de juniores, e o técnico, Barbatana, os treinava à exaustão.

Em 1978 um fato inusitado aconteceu com ele na copa da Argentina, o craque foi contundido e a então CBD (hoje CBF), levou só para ele um equipamento sofisticado da época  chamado Nautillus para tentar recuperar o jogador. Apesar de todo o esforço da entidade, dos médicos e do Reinado Não foi possível que ele atuasse todos os jogos junto com a seleção, atuou somente em dois jogos, fazendo gol em um deles contra a Suécia no empate de 1x1.

Sua brilhante carreira foi curta e aos 28 anos de idade devido as constantes lesões , Reinaldo se afastava dos gramados e marcava o seu nome para a eternidade como o homem que fez chover gols, que encantava o gigante Mineirão nas belas tardes de Domingo e que transformou o futebol em algo diferente e encantador.   

Agradecer Reinaldo vai além do que dizer muito obrigado, eu como amante do futebol terei uma divida eterna com esse craque, Zico uma vez disse que Reinaldo era o único que poderia chegar a importância de Pelé no futebol, usou sua profissão para protestar contra a Ditadura Militar através de um gesto a qual ele erguia o punho esquerdo fazendo referencia ao movimento dos panteras negras. E se quem é rei nunca perde a majestade Reinaldo tem um lugar reservado dentro do coração do torcedor Brasileiro. Termino esse agradecimento com o grito, “Rei, Rei, Rei, Reinaldo é o nosso Rei” 

Iuri Fontora