O goleiro e o pai de santo
Após dez anos sem disputar um título, finalmente a equipe do Catauá chegava à decisão. Mas a final seria complicada __ no campo do Barro Branco, o adversário na final...
Pior: teria que jogar com o ataque reserva, pois os titulares estavam contundidos e, mais grave, enfrentaria o melhor goleiro do campeonato: “Paredão”, gigante que estava a dez jogos sem tomar gol...
Isto tudo, naturalmente, deixava sem sono o presidente do Catauá, o folclórico Zé Tenório, também conhecido como “Cascavel da Mantiqueira” – arqui-cartola que ganhou este apelido porque em seus inflamados discursos políticos, costumava dizer:
“Na minha terra, o bicho mais manso que existe , é a cascavel”.
Sabendo que “Paredão” era freqüentador assíduo do terreiro de “Pai Genésio”, o cartola resolve apelar para o velho amigo, a quem fez uma visita de corte$ia.
Na véspera da final, uma sexta feira 13, não deu outra: ”Paredão”, foge da concentração e vai pedir proteção ao “Pai de Santo”.
__ Ocê tá muito carregado, fio! Precisa fazer um trabalho pro “Véio” te ajudar.
__ O que Pai Genésio?
__ Tem que me arrumar até amanhã, três frangos pretos! Só assim o “Véio” pode te livrar deste peso!
__ Mais não vai dar. Estou concentrado! Onde vou arrumar os bichos?
__ Ih, a coisa tá feia, meu fio... De algum jeito, esses frangos vão aparecer! Aqui ou no campo. Inté amanhã...
Fim de jogo: 3 x 0 para o time do “Cascavel da Mantiqueira”: três incríveis frangos, engolidos pelo traumatizado “Paredão”, em chutes despretensiosos do desconhecido atacante jamaicano M´Utreta, que estreava exatamente na final...